Paulo Coelho 1990 – O Dom Supremo


O DOM
SUPREMO
HENRY DRUMMOND
O DOM SUPREMO
Traduzido e adaptado livremente
do sermćo  The Greatest
Thing in the World
por
PAULO COELHO
Ediçćo especial da pagina www.paulocoelho.com.br, venda proibida
fls.3
Vęs esta mulher?
entrando em tua casa, nćo me deste água para
os pés; esta, porém, regou meus pés com
lágrimas e os enxugou com seus cabelos.
Nćo me beijaste; ela, entretanto, desde que
entrei nćo cessa de me beijar os pés.
Nćo me ungiste a cabeça com óleo, mas esta
com bálsamo ungiu meus pés.
Por isso te digo: perdoados lhe sćo os seus
muitos pecados, porque ela muito amou; mas
aquele há quem pouco se perdoa, pouco ama.
LUCAS, 7; 44-47
fls.4
No final do século passado, numa
tarde fria de primavera,
um grupo de homens e mulheres se reuniu para escutar o mais
famoso pregador daquela época. Eram pessoas vindas de
diversos lugares da Inglaterra, ansiosas para ouvir o que o
homem tinha a dizer.
Mas o pregador, depois de oito meses percorrendo diversos
países do mundo num cansativo trabalho de evangelizaçćo,
sentia-se vazio. Olhou a pequena platéia, ensaiou algumas
frases, e terminou por desistir. O Espírito de Deus nćo o havia
tocado naquela tarde.
Triste, sem saber o que fazer, virou-se para um jovem missionário
que estava entre os presentes. O rapaz havia regressado da
África há pouco tempo, e talvez tivesse alguma coisa
interessante para dizer.
Pediu, entćo, que o rapaz o substituísse.
As pessoas reunidas naquele jardim em Kent ficaram um pouco
desapontadas.
fls.5
Ninguém sabia quem era o jovem
missionário. Na verdade, ele nem era
um missionário; havia recusado sua
ordenaçćo como ministro, porque
nćo estava seguro de que aquela fosse
sua verdadeira vocaçćo.
fls.6
Procurando uma razćo para viver, procurando a si mesmo, o
rapaz havia passado dois anos no interior da África -
entusiasmado com o exemplo de pessoas que iam atrás de um
ideal.
As pessoas no jardim em Kent nćo gostaram da troca.
Tinham vindo por causa de um pregador experiente, sábio,
famoso. E agora eram obrigadas a ouvir uma pessoa que -
assim como elas - ainda lutava para encontrar a si mesma.
Mas Henry Drummond - este era o nome do rapaz - havia
aprendido algo.
Henry pediu emprestada uma Bíblia de um dos presentes e leu
um trecho da carta que Paulo escreveu aos
coríntios:
fls.7
 Ainda que eu fale as línguas dos homens
e dos anjos, se nćo tiver amor,
serei como o bronze que soa, ou como
o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar
e conheça todos os mistérios e toda a ciÄ™ncia;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto
de transportar montanhas,
se nćo tive amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os
meus bens entre os pobres
e ainda que entregue meu próprio
corpo para ser queimado,
se nćo tiver amor,
nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno,
o amor nćo arde em ciśmes,
nćo se ufana, nćo se ensoberbece,
nćo se conduz inconvenientemente,
nćo procura seus interesses,
nćo se exaspera,
nćo se ressente do mal;
nćo se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade.
Tudo sobre, tudo crÄ™, tudo espera,
tudo suporta.
O amor jamais acaba.
Mas, havendo profecias, desaparecerćo;
havendo línguas, cessarćo;
havendo ciÄ™ncia, passará.
Porque em parte conhecemos,
e em parte profetizamos.
fls.8
Quando, porém, vier o que é perfeito,
o que entćo é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como um
menino, sentia como um menino.
Quando cheguei a ser homem,
desisti das coisas próprias de menino.
Porque agora vemos como em espelho,
obscuramente, e entćo veremos face a face;
agora conheço em parte, e entćo
conhecerei como sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a Fé,
a Esperança, e o Amor.
Estes tręs.
Porém, o maior deles é o Amor.
fls.9
Todos escutaram em silęncio respeitoso.
Mas estavam decepcionados.
A maior parte já conhecia o trecho,
e já havia meditado longamente sobre ele.
O rapaz podia ter escolhido algo mais original, mais palpitante.
Quando acabou de ler, Henry fechou
a Bíblia, olhou para o céu,
e começou a falar:
fls.10
Todos nós, em algum momento, já fizemos a mesma pergunta que todas
as gerações fizeram:
Qual é a coisa mais importante da nossa existÄ™ncia?
Queremos empregar nossos dias da melhor maneira, pois ninguém
mais pode viver pela gente. Entćo, precisamos saber: para onde devemos
dirigir nossos esforços, qual o supremo objetivo a ser alcançado?
Estamos acostumados a escutar que o tesouro mais importante do
mundo espiritual é a Fé. Nesta simples palavra se apóiam muitos séculos de
religićo.
fls.11
Consideramos a Fé a coisa mais importante do mundo? Pois bem,
estamos completamente errados.
Se em algum momento acreditamos nisto, podemos deixar de
acreditar.
No capítulo que acabei de ler, fomos conduzidos aos primeiros
tempos do Cristianismo. E, como vimos,  permanecem a Fé, a Esperança,
e o Amor, estes trÄ™s. Porém, o mais importante é o Amor .
Nćo se trata de uma opinićo superficial de Paulo, autor daquelas
linhas. Afinal de contas, ele estava falando de Fé um momento antes. Ele
dizia:
 Ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes,
se nćo tiver Amor, nada serei.
Paulo nćo fugiu do assunto; pelo contrário, comparou a Fé com o
Amor. E concluiu:
 (...) o maior destes é o Amor.
Deve ter sido muito difícil para Paulo dizer isto, Um homem costuma
recomendar aos outros aquilo que, nele, é o ponto forte.
O Amor nćo era o ponto forte de Paulo. Um estudante com senso de
observaçćo irá notar que, Ä… medida que envelhecia, o apóstolo tornava-
se mais tolerante, mais terno. Mas a mćo que escreveu  porém, o maior
destes é o Amor , esteve muitas vezes manchada de sangue na
juventude.
Além disso, esta carta aos coríntios nćo é o Å›nico documento a
mostrar o Amor como o summum bonum, o Dom Supremo. Todas as obras-
primas do Cristianismo concordam a este respeito.
fls.12
Pedro diz:  acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com
os outros, porque o amor cobre multidćo de pecados .
E Joćo vai mais longe:  Deus é Amor .
Podemos ler, também, em outro texto de Paulo:  o cumprimento da
Lei é o Amor .
Por que Paulo disse isto? Nessa época, os homens procuravam
chegar até o Paraíso cumprindo os Dez Mandamentos  e as centenas de
outros dez mandamentos que eles haviam fabricado tendo como base as
Tábuas da Lei. Cumprir a lei era tudo. Era mais importante, inclusive, que
vier.
Entćo Cristo disse: eu vou mostrar a vocęs uma maneira mais simples
de chegar ao Pai. Se vocęs aprenderem isto, podem fazer centenas de
outras coisas sem medo de ofender a Deus.
Amor. Se vocęs amarem, estćo cumprindo a lei, mesmo que nćo
tenham conscięncia disto.
Podemos verificar por nós mesmos que este conselho funciona.
Peguemos um mandamento qualquer:  Amar a Deus sobre todas as
coisas. Eis o Amor.
 Nćo tomar seu santo nome em vćo.
Ousaríamos falar superficialmente de alguém que amamos?
fls.13
 Guardar domingos e festas.
Nćo ficamos muitas vezes ansiosos, esperando o dia e encontrar
quem amamos para nos dedicarmos ao Amor? Entćo, se amamos Deus, o
mesmo há de acontecer.
O Amor exige que obedeçamos todas as leis de Deus.
Quando um homem ama, é desnecessário exigir que honre seu pai e
sua mće, ou que nćo mate. Para o homem que quer bem a seu próximo é
uma ofensa exigir que nćo roube - como poderia roubar quem ama? E
seria supérfluo pedir que nćo levante falso testemunho - pois jamais faria
isto, como seria incapaz de desejar a pessoa que o outro ama.
Portanto,  o amor é o cumprimento da Lei .
O Amor é a regra que resume todas as outras regras.
O Amor é o mandamento que justifica todos os outros
mandamentos.
O Amor é o segredo da vida.
Paulo terminou aprendendo isto, e nos deu, na carta que lemos
agora, a melhor e mais importante descriçćo do summum bonum, o Dom
Supremo.
fls.14
Paulo começa a comparar o Amor com outras coisas que, em seu tempo,
tinham muito valor para os homens.
Ele compara com a eloqüÄ™ncia; um dom nobre, capaz de tocar os
corações e mentes dos seres humanos, e estimulá-los a realizar importantes
tarefas sagradas, ou aventuras que vćo além dos limites.
Paulo se refere aos grandes pregadores e diz:  Ainda que eu fale as
línguas dos homens e dos anjos, se nćo tiver amor, serei como o bronze
que soa, ou como o címbalo que retine.
fls.15
E todos nós sabemos por quę. Muitas vezes escutamos o que
pareciam ser grandes idéias de transformaçćo do mundo. Mas sćo
palavras ditas sem emoçćo, vazias de Amor, elas nćo nos tocam, por mais
lógicas e inteligentes que pareçam ser.
Paulo compara o Amor com a Profecia. Compara com os Mistérios.
Compara com a Fé. Compara com a Caridade.
Por que o Amor é mais importante que a Fé?
Porque a Fé é apenas uma estrada que nos conduz até o Amor
Maior.
Por que o Amor é mais importante que a Caridade?
Porque a Caridade é apenas uma das manifestações do Amor. E o
todo é sempre mais importante que a parte. Além disso, a Caridade é
também apenas uma estrada, uma das muitas estradas que o Amor utiliza
para fazer com que um homem se uma a seu próximo.
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E existe, todos nós sabemos disto, um bocado de caridade sem
Amor. É muito fácil jogar uma moeda para um pobre na rua. Geralmente é
mais fácil fazer isto que deixar de fazÄ™-lo.
Deixamos de nos sentir culpados pelo cruel espetáculo da miséria.
Que grande alívio, por apenas uma moeda! É barato para nós, e
resolve o problema do mendigo.
Entretanto, se realmente amássemos aquele pobre, nós faríamos
muito mais por ele.
Ou nćo faríamos nada. Nćo daríamos a moeda e - quem sabe - a
nossa culpa por aquela miséria poderia despertar o verdadeiro Amor.
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Paulo entćo compara o Amor com o sacrifício e o martírio. E eu suplico
Ä…queles que desejam, algum dia, trabalhar para o bem da Humanidade:
jamais, esqueçam que, mesmo que seus corpos sejam queimados em
nome de Deus, se nćo tiverem Amor, nćo adianta nada. Nada!
Vocęs nćo podem dar nada mais importante do que reflexo do
Amor em suas vidas. Isto é a verdadeira linguagem universal, que nos
permite falar chinÄ™s, ou os dialetos da Índia. Se algum dia vocÄ™s forem a
estes lugares, a eloqüÄ™ncia silenciosa do Amor fará com que sejam
entendidos por todos.
A mensagem de Fé de um homem está na maneira como vive sua
vida, e nćo nas palavras que ele diz.
Faz pouco tempo, estive no coraçćo da África, perto dos Grandes
Lagos. Ali, entrei em contato com homens e mulheres que lembravam-se
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com carinho do śnico homem branco que conheceram. David
Livingstone. E, ao seguir os passos dele pelo Continente Negro, o rosto das
pessoas se iluminava quando me contavam sobre um doutor que por ali
havia passado tręs anos antes. Eles nćo podiam compreender o que
Livingstone dizia. Mas sentiam o Amor que estava presente em seu
coraçćo.
Carreguem este mesmo Amor com vocęs, e o trabalho de suas vidas
estará plenamente justificado.
VocÄ™s nćo podem possuir nada mais eloqüente que isto, quando
forem falar de Deus e do mundo espiritual. De nada adianta seguir adiante
- levando relatos de milagres, testemunhos de Fé, belas orações. Se vocÄ™s
tiverem tudo isto, e esqueceram o Amor, para nada servirá tanto esforço.
Porque vocęs podem conseguir tudo. Podem estar prontos para
qualquer sacrifício.
Mas se entregarem seus corpos para serem queimados, e nćo
tiverem Amor, isto nćo significará nada para vocÄ™s nem para a causa de
Deus.
fls.19
Depois de comparar o amor com tudo o que já vimos, Paulo - em trÄ™s
versos pequenos - faz uma surpreendente análise do que é este Dom
Supremo.
Ele nos diz que o Amor é uma coisa composta de muitas outras.
Como a luz. Aprendemos na escola que, se pegarmos um prisma e
fizermos com que um raio de sol o atravesse, este raio se divide em sete
cores.
As cores do arco-íris.
Paulo, entćo, pega o Amor e faz com que atravesse o prisma de sua
sensibilidade, dividindo-o nos seus elementos.
Paulo nos mostra o Arco-íris do Amor, como o prisma atravessado por
um raio nos mostra o Arco-íris da Luz.
fls.20
E quais sćo estes elementos? Sćo virtudes das quais ouvimos falar
todos os dias, virtudes que podemos praticar em qualquer momento de
nossas vidas.
Sćo estas pequenas coisas, estas virtudes simples, que compõem o
Dom Supremo.
O Amor é composto de nove ingredientes:
PaciÄ™ncia:  O Amor é paciente ,
Bondade:  é benigno ,
Generosidade:  o amor nćo arde em ciśmes ,
Humildade:  nćo se ufana nem se ensoberbece ,
Delicadeza:  O amor nćo se conduz inconvenientemente ,
Entrega:  nćo procura seus interesses ,
Tolerância:  nćo se exaspera ,
Inocęncia:  nćo se ressente do mal ,
Sinceridade:  nćo se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade.
Pacięncia. Bondade. Generosidade. Humildade. Delicadeza.
Entrega. Tolerância. InocÄ™ncia. Sinceridade. Estas coisas compõem o bem
supremo, estćo na alma do homem que quer estar presente no mundo e
próximo a Deus.
Todos estes dons estćo relacionados com a gente, com a nossa vida
diária, com o hoje e com o amanhć, com a Eternidade.
Nós sempre escutamos falar muito do Amor a Deus.
Mas Cristo nos fala do Amor ao homem.
Nós buscamos a paz nos Céus.
Cristo busca a paz na Terra.
A Busca do Sr Humano para responder sua principal pergunta -  a
que devo dedicar minha existÄ™ncia? - nćo é uma coisa estranha ou
imposta.
fls.21
Ela está presente em todas as civilizações, mesmo que estas nćo se
comuniquem. Porque nasceu junto com o homem, e reflete o sopro do
Espírito Eterno neste mundo.
O Dom Supremo também reflete este sopro. Nćo é apenas um Dom
em si, mas a soma de várias atitudes e palavras de nosso dia-a-dia.
fls.22
O Amor é PaciÄ™ncia.
Este é o comportamento normal do Amor, esperar com calma, sem
pressa, sabendo que em determinado momento ele poderá se manifestar.
Está pronto para fazer seu trabalho na hora certa, mas aguarda com
calma e mansidćo.
O Amor é paciente, Agüenta tudo.
fls.23
Acredita em tudo.
Tudo espera.
Porque o Amor é capaz de entender.
Bondade. Amor ativo.
Já repararam que Cristo utilizou grande parte do seu tempo no
mundo sendo bom para os outros, deixando os outros contentes?
Utilizou grande parte do pouco tempo que tinha na Terra para fazer
feliz seus contemporâneos?
fls.24
Procure olhar este ângulo, e notará que, embora Cristo tivesse muito
o que fazer, nćo esqueceu de ser carinhoso para com o próximo.
Existe apenas uma coisa mais importante que a felicidade: é a
santidade. Isto nćo está ao nosso alcance. Mas está ao nosso alcance
fazer os outros felizes. Deus colocou isto em nossas mćos, e nćo nos custa
quase nada.
Se olharmos com cuidado, verificaremos que nćo nos custa
absolutamente nada.
Mesmo assim, por que relutamos em alegrar nosso próximo? A
felicidade nćo é um bem que se multiplica em cativeiro, nem é nada que
diminui quando se dá. Ao contrário, somente semeando felicidade é que
conseguimos aumentar nossa cota.
 A coisa mais importante que podemos fazer por um pai , disse
alguém certa vez,,  é ser amável com seus filhos.
Como o mundo precisa disto!
E como é fácil ser amável. O efeito é imediato e seu autor é
lembrado para sempre.
fls.25
E como a recompensa é abundante - pois nćo existe dívida mais
honrada que a dívida do Amor. O Amor nunca falha.
O Amor é a verdadeira energia da vida. Como diz Browning:
pois a Vida, com todos os seus momentos
[de alegria e tristeza
e esperança, e medo,
é apenas a chance para aprender o Amor
como o Amor pode ser, como foi, e
[como é.
Onde existe Amor, existe o ser humano, e existe Deus.
Aquele que se alegra no Amor, se alegra com o ser humano, e se
alegra
em Deus.
Deus é Amor. Portanto: AME!
Sem distinçćo, sem hora marcada, sem adiamentos, sem medo de
sofrer: AME!
Derrame generosamente seu amor sobre os pobres, o que é fácil; e
sobre
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os ricos, que desconfiam de todos, e nćo conseguem enxergar o Amor de
que tanto necessitam; e sobre seus semelhantes - o que é muito difícil. É
com nossos semelhantes que somos mais egoístas. Muitas vezes tentamos
agradar, mas o que precisamos fazer é dar alegria.
DÄ™ alegria. Jamais perca uma oportunidade de dar alegria ao
próximo, porque vocÄ™ será o primeiro e se beneficiar disto - mesmo que
ninguém saiba o que vocÄ™ está fazendo. O mundo Ä… sua volta ficará mais
contente, e as coisas serćo muito mais fáceis para vocÄ™.
Eu estou neste mundo, vivendo o presente. Qualquer coisa boa que
eu possa fazer, ou qualquer alegria que puder dar aos outros, por favor,
digam-me. Nćo me deixem adiar ou esquecer, pois jamais tornarei a viver
este momento novamente.
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Generosidade  O amor nćo arde em ciśmes . O Amor nćo inveja.  Arder
em ciśmes significa: amar competindo com o amor dos outros.
Deixe que os outros amem. E procure amar mais ainda.
DÄ™ a sua parte, dÄ™ o melhor de si.
Sempre que vocÄ™ quiser praticar uma boa açćo, encontrará
pessoas que fazem a mesma coisa, Ä…s vezes de uma maneira muito melhor
que a sua. Nćo os inveje.
A inveja é um sentimento dirigido Ä…queles que estćo ao nosso lado,
geralmente tentando destruir o que há de melhor nesta pessoa. A inveja é
o sentimento mais desprezível que um homem pode ter.
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Está sempre esperando para arrasar tudo o que os outros fazem; mesmo
que seja o melhor para nós.
E a Å›nica maneira de escapar Ä… inveja é concentrando forças no
Amor.
Apenas uma coisa temos que invejar: a grande, rica e generosa
alma daqueles que conhecem um Amor que  nćo arde em ciśmes .
fls.4
E entćo, depois de aprender tudo isto, temos que aprender mais uma
coisa: humildade. Colocar um selo em nossos lábios, e esquecer nossa
pacięncia, nossa bondade, nossa generosidade. Depois que o Amor
penetrou em nossas vidas, e realizou seu belo trabalho, devemos ficar
quietos e nćo dizer nada.
O Amor se esconde, inclusive, de si mesmo.
O Amor evita a auto-satisfaçćo.
O Amor  nćo se ufana, nem se ensoberbece
fls.4
O quinto ingrediente é algo que pode parecer estranho e inÅ›til neste Arco-
íris do Amor: delicadeza. Este é o amor entre os homens, o amor na
sociedade. Muitas pessoas costumam dizer que delicadeza é um
sentimento supérfluo.
Nćo é verdade: delicadeza é o Amor manifesto nas pequenas
coisas.
O Amor nćo consegue ser agressivo ou inconveniente, nćo
consegue comportar-se de maneira errada. VocÄ™ pode ser a pessoa mais
tímida do mundo, mais despreparada para lidar com o próximo - mas, se
tiver um reservatório de amor em seu coraçćo, sempre agirá da maneira
certa.
Carlyle dizia: Robert Burns é mais nobre que toda a nobreza da
Inglaterra, porque consegue amar tudo - o rato, a margarida, todas as
coisas grandes e pequenas que Deus fez.
fls.4
Assim, com este passaporte, Burns podia conversar com qualquer pessoa,
visitar palácio e dormir em cabanas.
VocÄ™ sabe o que quer dizer  nobre . Significa alguém que age de
maneira digna. Este é o mistério do Amor.
Quem possui Amor em seu coraçćo, nćo pode agir grosseiramente,
ao passo que o falso nobre, aquele que é apenas esnobe, está preso a
seus sentimentos e nćo consegue amar.
 O Amor nćo se conduz inconvenientemente.
fls.4
Entrega. O Amor nćo procura seus interesses, nćo busca a si mesmo.
O Amor nćo busca sequer aquilo que é seu.
Na Inglaterra, como em muitos outros países, os homens procuram
lutar - e com toda razćo - pelos seus direitos. Mas há momentos -
momentos muito especiais - em que podemos inclusive abrir mćo destes
direitos.
Paulo, porém, nćo nos exige isto. Porque ele sabe que o Amor é algo
tćo profundo que quem ama ignora qualquer recompensa.
Ama-se porque o Amor é o Dom Supremo, e nćo porque ele nos dá
algo em troca.
fls.4
Nćo é difícil abrir mćo de nossos direitos - afinal de contas, eles sćo
coisas fora de nós, ligadas Ä… nossa relaçćo com a sociedade. O que é
difícil é abrir mćo de nós mesmos.
Mais difícil ainda é nćo procurar alguma recompensa para nós
mesmos quando amamos.
Geralmente procuramos, compramos, conquistamos, merecemos,
atingimos o melhor - e podemos, num gesto nobre, abrir mćo da
recompensa. Mas eu falo de nćo buscar.
Id opus est. Esta é a obra. O Amor basta a si mesmo.
 VocÄ™ procura grandes coisas em sua vida? , pergunta o profeta.
 Nćo as procure. Por quę? Porque nćo existe grandeza nas coisas. As
coisas nćo podem ser maiores do que elas mesmas. A śnica grandeza que
existe é na entrega proporcionada pelo Amor.
Sei que é muito difícil abrir mćo de uma recompensa.
Mas é muito mais difícil nćo buscar uma recompensa naquilo que
fazemos.
Nćo, nćo devo falar desta maneira. Na verdade, nada é difícil para
o Amor. Acredito realmente que o fardo do Amor seja suave. O  fardo é
apenas Sua maneira de viver a vida. E, tenho certeza, é também a
maneira mais fácil de viver, porque o Amor que nćo busca recompensas é
capaz de preencher cada minuto da existęncia com sua luz.
A liçćo mais presente em todos os ensinamentos espirituais nos diz:
nćo existe felicidade em ter e receber; apenas em dar.
fls.4
Repito: nćo existe felicidade em ter e receber. Apenas em dar.
Quase todo mundo, neste momento, está seguindo uma pista falsa
para chegar até a casa da Felicidade. Pensa-se muito em ter e receber,
em exibir, em conquistar, em ser servido um dia pelos outros. Isto é o que a
maior parte das pessoas chama realizaçćo.
Realizaçćo, entretanto, é dar e servir. O que quiser ser maior entre
todos vocęs, disse Cristo, que sirva a seu próximo. Quem quiser ser feliz
deve colocar no Amor o seu encontro com a vida. O resto nćo tem
importância.
fls.4
O próximo ingrediente é a tolerância.  O amor nćo se exaspera.
Somos inclinados a julgar a intolerância como um defeito de família,
uma característica de personalidade, uma distorçćo da natureza, quando
na verdade deveríamos considerá-la uma verdadeira falha do caráter do
homem. Em razćo disso, na análise que fax do Amor, Paulo cita a
tolerância. E a Bíblia, em muitas outras passagens, cita a intolerância como
elemento mais destruidor da nossa maneira de agir.
O que mais me impressiona é que a intolerância, o preconceito, está
sempre presente na vida de pessoas que se julgam virtuosas. Geralmente é
a grande mancha numa personalidade que tinha tudo para ser gentil e
nobre. Conhecemos muitas pessoas que sćo quase perfeitas mas que -
de repente - acham que estćo certas em alguma coisa e perdem a
cabeça por causa disto.
fls.4
Esta suposta boa relaçćo entre a virtude e a intolerância é um dos
mais tristes problemas da raça humana e da sociedade.
Na verdade, existem dois tipos de pecado: pecados do corpo e
pecados do espírito. Em certa parábola do Novo Testamento, Filho Pródigo
abandona sua família e sai pelo mundo, enquanto o irmćo mais velho fica
junto ao pai. Depois de muitas desgraças, o Filho Pródigo resolve voltar, e o
pai dá uma grande festa em sua homenagem. Ao saber disso, o irmćo
mais velho revolta-se contra o pai:  Nćo fiquei aqui ao seu lado este
tempo todo, trabalhando, enquanto ele gastava sua herança? ,
pergunta.
Podemos considerar que o Filho Pródigo comete o primeiro tipo de
pecado, enquanto o irmćo, o segundo. A sociedade, curiosamente,
garante saber qual dos dois tipos de pecado é o pior, e sua condenaçćo
cai, sem sombra de dÅ›vida, sobre o Filho Pródigo. Mas será que estamos
certos?
Nćo temos nenhuma balança para pesar o pecado dos outros, e
 melhor ou  pior sćo apenas duas palavras do vocabulário. Mas eu vos
digo: faltas mais sofisticadas podem ser muito mais graves do que as
simples e óbvias.
Aos olhos Daquele que é o Amor, um pecado contra o Amor é cem
vezes pior. Nćo existe nenhum vício, ou desejo, ou avareza, ou luxÅ›ria, ou
embriaguez que seja pior que um temperamento intolerante.
fls.4
Por tornar a vida amarga,
por destruir comunidades,
por acabar com muitas relações,
por devastar lares,
por sacudir homens e mulheres de suas bases,
por tirar toda a exuberância da juventude,,
por seu poder gratuito de produzir miséria, a intolerância nćo tem
concorrentes.
Olhamos para o irmćo mais velho, correto, trabalhador, paciente,
responsável. Vamos dar a ele todo o crédito de suas virtudes - olhemos
para este rapaz, para esta criança que agora se encontra na porta da
casa, diante de seu pai.
 Ele se indignou , nós lemos,  e nćo quer entrar . Como a atitude do
irmćo deve ter afetado o Filho Pródigo! E quantos filhos pródigos sćo
mantidos fora do Reino de Deus por causa destas pessoas sem amor, que
garantem estar do lado de dentro!
Como devia estar o rosto do irmćo mais velho ao dizer aquelas
palavras? Coberto por uma nuvem de ciśme, raiva, orgulho, crueldade,
certeza de que havia agido sempre direito. Determinaçćo, ressentimento,
falta de caridade.. Sćo estes os ingredientes desta alma escura e sem
amor. Sćo estes os ingredientes da intolerância e do preconceito.
E todos nós, que já sofremos este tipo de pressćo muitas vezes na
vida, sabemos que estes pecados sćo muito mais destruidores do que os
pecados do corpo.
Nćo falou o próprio Cristo a este respeito, quando disse que as
prostitutas e os pecadores entrariam primeiro no Reino dos Céus, na frente
dos sábios escribas de sua época?
fls.4
Nćo existe lugar no Reino para os preconceituosos e os intolerantes.
Um homem preconceituoso conseguiria tornar o Paraíso insuportável para
si e para os outros.
Se o intolerante nćo nascer de novo, deixando de lado tudo aquilo
que julga intocável e certo, ele nćo pode - simplesmente nćo pode -
entrar no Reino dos Céus.
Porque, para entrar no Reino dos Céus, o homem precisa carregar o
Paraíso em sua alma.
fls.4
Reparem! Enquanto falava, eu me exasperei. E uma bolha da intolerância
subiu, mostrando algo podre lá no fundo. Este é um grande teste para o
Amor, saber que por mais que tentemos, nćo conseguimos quase nunca a
paz necessária para que o Amor floresça. Vejam como as partes mais
ocultas da alma aparecem quando baixamos a guarda. E de repente,
pregando a generosidade, a humildade, a pacięncia, a cortesia, a
entrega, me exaltei.
Cometi o vício de quem fala em virtude: a intolerância manifestou-
se.
Vemos que nćo basta apenas falar de preconceitos ou lidar com
eles. Temos que ir até onde eles se escondem, mudar o que há de mais
íntimo em nossa própria natureza. Só assim os sentimentos de raiva
morrerćo por si mesmos.
fls.4
E nossas almas serćo mais suaves - nćo porque colocaram a
agressividade para fora, mas porque colocaram o Amor para dentro.
Deus é Amor. Um Amor que, ao nos penetrar, suaviza, purifica, e a
tudo transforma. Afasta o que está errado, renova, regenera, reconstrói o
interior do homem.
O poder da vontade nćo transforma o homem.
O Amor transforma.
Portanto, deixem o Amor entrar. Lembrem-se: isto é uma questćo de
vida ou de morte. De nada adianta eu estar aqui falando sobre o amor se
sou incapaz de despertá-lo.  Melhor seria que se lhe pendurasse ao
pescoço uma pedra de moinho e fosse atirado ao mar do que fazer
tropeçar a um destes pequeninos.
Ou seja: melhor nćo viver que nćo amar.
Melhor nćo viver que nćo amar.
fls.4
Vamos falar pouco de inocęncia e sinceridade. As pessoas que mais nos
influenciam, mais nos tocam, sćo aqueles que acreditam no que dizemos.
Num ambiente de mśtua suspeita, as pessoas se retraem.
Diante da inocÄ™ncia, porém, todos nós crescemos. Encontramos
coragem e amizade junto de quem acredita em nós.
Quem nos entende, pode nos transformar.
É muito bom saber que, aqui e ali, ainda existem certas pessoas que
nćo ficam ressentidas com o mal porque sabem a importância do bem
que estćo fazendo. Estas pessoas cresceram aos olhos dos homens e de
Deus. Nćo temem a inveja ou a indiferença. Porque o Amor  nćo se
ressente do mal , vÄ™ sempre o lado bom, coloca o melhor de si para
funcionar.
fls.4
E, de novo, quem ama é quem sai ganhando, embora nćo procure
nenhuma recompensa. Que maravilhosa é a vida daqueles que estćo
sempre na luz! Que estímulo, que bÄ™nçćo, passar um dia inteiro sem
ressentir-se com qualquer mal.
Fazer com que as pessoas confiem em nós é estar muito perto do
Amor. E só vamos conseguir isto se confiarmos nas pessoas. O pouco que
os outros podem nos ferir por causa da nossa atitude inocente, nćo
significa nada perto da alegria que vamos passar e sentir diante da vida.
Nćo será mais necessário carregar pesadas armaduras, incômodos
escudos, armas perigosas. A inocęncia nos protege.
Só podemos ajudar alguém, se nele confiarmos. Pois o respeito pelos
outros termina fazendo com que recuperemos o respeito por nós mesmos.
Se acreditarmos que uma pessoa pode melhorar, e esta pessoa
sente que a consideramos igual a nós mesmos, terá ouvidos para nossas
palavras. Acreditará que pode se tornar uma pessoa melhor.
fls.4
 O amor nćo se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.
Chamei este ingrediente de sinceridade.
Aquele que sabe amar, ama a Verdade tanto quanto o seu próximo,
Alegra-se com a Verdade - mas nćo com a verdade que lhe foi ensinada.
Nćo com a verdade das doutrinas.
Nem com a verdade das igrejas.
Nem com este ou aquele  ismo .
Ele se alegra na Verdade. Busca a Verdade com uma mente limpa,
humilde, e sem preconceitos ou intolerância - e acaba ficando satisfeito
com o que encontra.
Talvez a palavra sinceridade nćo seja a melhor para explicar esta
qualidade do Amor, mas nćo consigo encontrar nenhuma outra.
fls.4
Nćo estou falando da sinceridade que humilha o próximo, aquele
que usa o erro dos outros para mostrar o quanto somos bons. O verdadeiro
Amor nćo consiste em expor aos outros a sua fraqueza, mas aceitar tudo,
alegrar-se ao ver que as coisas sćo melhores do que os outros disseram.
fls.4
Chega de analisar o Amor. Agora temos que nos esforçar para que todos
estes ingredientes passem a fazer parte de nós mesmos.
Este deve ser nosso objetivo no mundo: aprender a amar.
A vida nos oferece milhares de oportunidades para aprender a
amar. Todo homem e toda mulher, em todos os dias de usas vidas, tęm
sempre uma boa oportunidade de entregar-se ao Amor. A vida nćo é um
longo feriado, mas um constante aprendizado.
E a mais importante liçćo que temos é: aprender a amar.
Amar cada vez melhor.
O que faz do homem um grande artista, um grande escritor, um
grande mśsico?
fls.4
Prática.
O que faz do homem um grande homem?
Prática. Nada mais.
O crescimento espiritual aplica as mesmas leis usadas pelo corpo e
pela alma. Se um homem nćo exercita seu braço, jamais terá mÅ›sculos. Se
nćo exercita sua alma, jamais terá fortaleza de caráter, nem ideais, nem a
beleza do crescimento espiritual.
O Amor nćo é um momento de entusiasmo.
O Amor é uma rica, forte e generosa expressćo de nossas vidas - a
personalidade do homem em seu mais completo desenvolvimento.
E, para construir isso, precisamos de uma prática constante.
O que fazia Cristo na carpintaria?
Praticava.
Embora perfeito, aprendia - todos nós já lemos sobre isto. E assim
ele crescia em sabedoria, para Deus e para os homens.
Procure ver o mundo como um grande aprendizado de Amor, e nćo
fique lutando contra aquilo que acontece em sua vida. Nćo reclame por
precisar estar sempre atento, ser obrigado a viver em ambientes
mesquinhos, cruzando com almas pouco desenvolvidas.
Esta foi a maneira que Deus encontrou para vocÄ™ praticar.
E nćo se assuste com as tentações. Nćo se surpreenda com o fato
de elas estarem sempre ą sua volta, e nćo se afastarem - apesar de tanto
esforço e tanta prece. É desta maneira que Deus trabalha sua alma.
fls.4
Tudo isto o está ensinando a ser paciente, humilde, generoso,
entregue, delicado, tolerante. Nćo afaste a Mćo que esculpe sua
imagem, porque esta Mćo também mostra o seu caminho.
Esteja certo de que vocÄ™ está ficando mais belo a cada minuto que
passa  e, embora nćo perceba, dificuldades e tentações sćo as
ferramentas utilizadas por Deus.
Lembre-se das palavras de Goethe:  O talento se desenvolve na
solidćo; o caráter no rio da vida.
O talento se desenvolve na solidćo; a prece, a Fé, a meditaçćo, a
visćo clara da vida.
Mas o caráter só pode crescer se fizermos parte do mundo.
Porque é no mundo que aprendemos a Amar.
fls.4
Pois bem. Eu mostrei alguns aspectos do Amor, para facilitar nossa
compreensćo a respeito de Deus e do próximo.
Mas sćo apenas aspectos. O Amor jamais pode ser definido.
A luz é muito mais que a soma de seus componentes  é algo que
brilha, fulgurante, no espaço.
E o Amor é muito mais que a soma de todos os seus ingredientes  é
uma coisa viva, palpitante, divina.
Se misturarmos todas as cores do Arco-íris, tudo que conseguimos
criar é a cor branca  nćo conseguimos fazer a luz.
Da mesma maneira, ao sintetizar todas as virtudes das quais falamos,
podemos nos tornar virtuosos, mas nćo quer dizer que tenhamos aprendido
a amar.
fls.4
Entćo, como vamos trazer o Amor para dentro de nossos corações?
Vamos trabalhar nossa vontade, para mantę-lo sempre próximo.
Vamos tentar copiar os que aprenderam a amar.
Vamos esquecer todas as regras que nos ensinaram sobre, o que é o
Amor, inclusive estas minhas palavras.
Vamos orar.
Vamos vigiar.
Nada disso, porém, vai nos fazer amar, porque o Amor é um efeito. E
só ao conhecermos a causa, o efeito se manifesta.
Devo dizer qual é esta causa?
Se lermos a Versćo revisada da Primeira Epístola de Joćo, vamos
encontrar as seguintes palavras:
 Nós amamos porque Ele nos amou primeiro.
Está escrito:  nós amamos , e nćo  nós O amamos , como
traduziram antes, de maneira errada.
 Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Reparem na palavra
porque.
Esta é a causa a que me refiro.
Porque Ele primeiro nos amou, o efeito  conseqüentemente  é que
nós amamos.
Somos todos manifestações do Amor.
Amamos a Ele, amamos a nós mesmos, amamos a todos.
fls.4
É assim. Nosso coraçćo vai aos poucos se transformando.
Contemplem o amor que lhes é dado, e saberćo como amar.
Vocę nćo pode se obrigar a amar, e tampouco pode obrigar a
qualquer pessoa. Tudo que pode fazer é olhar o Amor, apaixonar-se por
ele, e copiá-lo.
Ame o Amor. Olhe o grande sacrifício que Ele propôs a si mesmo. Ao
amá-lo, vocÄ™ se tornará como Ele.
O Amor produz Amor.
Coloque uma peça de ferro numa fonte de eletricidade, e vocÄ™
levará um choque. É um processo de induçćo. Ou a coloque perto de um
ímć, e este peça também se transformará em um ímć enquanto estiver ali.
Permaneça perto de Quem nos amou, e vocÄ™ será imantado por
esse Amor.
Qualquer homem que buscar esta Causa, terá o seu Efeito.
Tente livrar-se do preconceito de que a Busca Espiritual existe por
acaso, ou capricho, ou por nosso gosto por mistério. Ela está aí por causa
de uma lei natural  ou melhor, espiritual, porque é uma lei divina. Edward
Irving visitava um menino que estava morrendo. Ao entrar no quarto,
colocou a mćo na testa do garoto e disse:  Garoto, Deus te ama.
Nćo disse mais nada. Saiu em seguida.
O garoto levantou-se, chamou todas as pessoas da casa, e gritava:
 Deus me ama! Deus me ama! A mudança foi completa; a certeza de
que Deus o amava lhe deu forças, destruiu o que havia de mal, e permitiu
sua transformaçćo.
fls.4
Da mesma maneira, o Amor derrete o mal que existe no coraçćo de
um homem, e o transforma em uma nova criatura  paciente, humilde,
tolerante, gentil, entregue, sincera.
Nćo existe nenhuma outra maneira de conseguir amar  e
tampouco há qualquer mistério sobre isto. Nós amamos os outros, amamos
a nós mesmos, amamos nossos inimigos, porque, primeiro, fomos amados
por Ele.
fls.4
Falta acrescentar muito pouca coisa sobre as razões que levaram Paulo a
considerar o Amor como o Com Supremo.
Falta apenas analisar a principal razćo. Algo muito importante, que
pode ser resumido numa frase curtíssima:
o Amor permanece.
 O Amor , insiste Paulo,  jamais acaba . Entćo ele nos dá mais uma
de suas maravilhosas listas. Fala de assuntos que eram importantes em sua
época. Coisas que todos garantiam ser eternas
E mostra como sćo frágeis, temporárias, agonizantes.
fls.4
 Havendo profecias, desaparecerćo.
Naquele temo, o sonho de todas as mćes era que seus filhos se
tornassem profetas. Durante séculos e séculos Deus tinha escolhido falar ao
mundo por meio dos profetas, e estes eram mais poderosos que os Reis. Os
homens esperavam, aflitos, que chegasse um novo mensageiro do Alto, e
o honravam quando ele aparecia.
Paulo é implacável:  Havendo profecias, desaparecerćo.
A Bíblia está repleta de profecias. Mas, Na medida em que foram
transformadas em realidade, perderam seu verdadeiro sentido.
Desapareceram como profecias, para se tornarem apenas o alimento da
fé de homens piedosos.
Entćo, Paulo fala sobre as línguas.
 Havendo línguas, cessarćo , diz ele.
Tanto quanto sabemos, já se passaram milhares de anos desde que
as primeiras línguas surgiram sobre a face da Terra. Elas ajudaram o
homem a se organizar, crescer, e sobreviver num mundo perigoso e hostil.
Onde estćo estas línguas?
Desapareceram.
Os egípcios construíram pirâmides e gravaram sua escrita em
monumentos que permanecem até hoje. Ainda existem como naçćo, mas
sua língua original desapareceu.
Considere estes exemplos da maneira que vocÄ™ quiser  inclusive no
sentido literal.
fls.4
Embora nćo fosse esta a principal preocupaçćo de Paulo, pelo
menos podemos entender melhor o que ele estava falando. A carta aos
coríntios, que lemos e que discutimos durante todo este tempo, foi escrita
originalmente em grego antigo.
Se formos até a Grécia como texto original, pouquíssimas pessoas
seriam capazes de decifrá-lo.
Há mil e quinhentos anos atrás, o latim dominava o mundo. Hoje nćo
significa mais nada. Reparem as línguas indígenas: estćo desaparecendo.
A língua original do País de Gales, ou a da Escócia, está morrendo diante
de nossos olhos.
O livro mais popular da Inglaterra - com exceçćo da Bíblia - é
Pickwick Papers, de Charles Dickens. Foi quase todo escrito num inglęs
falado pelas pessoas nas ruas. Pois bem: estudiosos nos garantem que, em
cinquenta anos, este livro será ilegível para o leitor comum,
Entćo, Paulo vai mais longe e acrescenta, com ęnfase:  havendo
ciÄ™ncia, passará .
Onde está a ciÄ™ncia dos antigos? Sumiu por completo. Hoje, um
menino de escola secundária conhece muito mais coisas que Sir Isaac
Newton - o descobridor da Lei da Gravidade - conhecia em sua época.
O jornal que nos traz as novidades da manhć é jogado fora quando
chega a noite. Compramos enciclopédias de dez anos atrás por apenas
alguns tostões - porque as conquistas científicas que estćo em suas
páginas já foram completamente ultrapassadas.
fls.4
Reparem como a carruagem puxada a cavalo foi substituída pelo
vapor. E como a eletricidade, por sua vez, ameaça superar o vapor,
jogando no esquecimento centenas de invenções que apenas acabaram
de nascer. Uma das maiores autoridades dos dias de hoje, Sir William
Thomson, garante:  O motor a vapor em breve deixará de existir.
 Havendo ciÄ™ncia, passará.
Vemos no fundo dos quintais algumas rodas velhas, peças
quebradas, objetos de ferro corroídos pela ferrugem; vinte anos atrás,
estas mesmas peças faziam parte de objetos que eram o orgulho de seu
dono.
Agora nćo representam mais nada, a nćo ser um estorvo do qual
nćo conseguimos nos livrar.
Toda ciÄ™ncia e toda filosofia de nossa época, de que tanto nos
orgulhamos, um dia envelhecerćo.
Alguns anos atrás, a maior autoridade de Edimburgo era Sir James
Simpson, o descobridor do clorofórmio e o precursor da anestesia.
Recentemente, o bibliotecário da universidade onde Sir James Simpson
lecionava, pediu ao sobrinho do cientista que se livrasse dos livros do tio.
Estes já nćo tinham qualquer interesse para os novos estudantes.
O sobrinho disse ao bibliotecário:  Nćo sćo apenas os livros de meu
tio. Qualquer livro científico com mais de dez anos deve ser levado para o
porćo.
Sir James Simpson era uma pessoa mundialmente importante;
cientistas de todas as partes do planeta vinham consultá-lo.
fls.4
Entretanto, suas descobertas - e quase todas as outras descobertas
de sua época - foram superadas.
 Porque agora vemos como num espelho, obscuramente.
VocÄ™s podem me dizer algo que permaneça para sempre? Paulo
deixou de mencionar muitas coisas. Nćo falou em dinheiro, fortuna, fama;
limitou-se apenas Ä…s coisas importantes do seu tempo, Ä…s coisas a que se
dedicavam os melhores homens da sua época. E as colocou,
decididamente, de lado.
Paulo nada tem contra as coisas em si; nćo falou mal delas. Tudo
que disse foi que elas nćo durariam. Eram coisas importantes, mas nćo
eram dons supremos.
Existia algo além delas.
O que somos é mais do que fazemos, e muito mais do que
possuímos. Muitas coisas, que os homens chamam de pecado, nćo sćo
pecados; sćo sentimentos e deslizes que desaparecem rápido.
Efęmeros.
Este é um argumento favorito do Novo Testamento. Joćo nćo nos diz
que o mundo está errado; diz que  passará .
Existem muitas coisas no mundo que sćo belas; coisas que nos
entusiasmam e nos engrandecem.
Mas nćo vćo durar. Todo o reino deste mundo, o deslumbramento
de visćo, os prazeres da carne, o orgulho, tudo existe apenas por um breve
momento.
fls.4
Por isso, nćo deixe que seu amor se prenda ąs coisas do mundo.
Nada que o mundo contém vale a dedicaçćo e o tempo de uma alma
imortal. A alma imortal deve entregar-se a algo que é imortal.
E as Å›nicas coisas imortais sćo  a fé, a esperança e o amor .
Alguns podem dizer, inclusive, que duas destas coisas também
passam: a fé, quando sentimos e vivemos a presença de Deus, e a
esperança, quando é satisfeita e preenchida.
Mas, com toda certeza, o Amor continuará presente.
Deus, o Eterno Deus, é Amor. Busquem, portanto, o Amor - este
momento eterno, a śnica coisa que vai permanecer quando a própria
raça humana tiver chegado ao final de seus dias. O Amor será sempre a
śnica moeda corrente aceita no Universo, quando todas as outras
moedas, de todas as nações, tiverem perdido seu uso e seu valor.
Se vocęs querem se entregar a muitas coisas, entreguem-se primeiro
ao Amor - e tudo o mais lhes será acrescentado. DÄ™ a cada coisa o seu
devido valor.
fls.4
DÄ™ a cada coisa apenas o seu devido valor.
Permitam pelo menos que o grande objetivo de suas vidas seja o de
conseguir forças suficientes para defender esta idéia, e construir uma
existęncia usando o Amor como principal referęncia. Como fez Cristo, que
construiu toda a sua obra em cima do Amor.
Eu comentava que o Amor é eterno. Já repararam como Joćo o
associa, várias vezes, Ä… Vida Eterna? Quando eu era criança, me diziam
que  Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigęnito para
que todo que Nele crÄ™ nćo pereça, mas tenha a vida eterna .
Os mais velhos diziam entćo - lembro-me bem - que Deus amou
tanto o mundo que, se confiássemos Nele, teríamos a paz, descanso,
alegria, ou segurança. Eu tive que descobrir por mim mesmo que nćo era
bem assim. Que, na verdade, todos aqueles que confiassem Nele - isso é,
que O amassem, pois a confiança é uma avenida pela qual o Amor
caminha - teriam, isto sim, a Vida Eterna.
fls.4
Os textos sagrados nos falam de uma nova vida. Nćo ofereça ao
próximo apenas a paz, ou o descanso, ou a segurança. Em vez disso,
conte como Cristo veio ao mundo para dar ao homem uma vida mais
cheia de Amor - e, por isso mesmo, abundante em salvaçćo, longa o
suficiente para que possamos nos dedicar ao aprendizado do Amor.
Só assim as palavras do Evangelho fazem sentido, e podem tocar o
corpo, a alma e o espírito, dando a cada uma destas partes uma
orientaçćo e uma finalidade.
Muitos dos textos espirituais que vemos hoje sćo dirigidos apenas a
uma parte do homem.
Oferecem Paz, mas nćo falam em Vida.
Discutem a Fé, e esquecem o Amor.
Contam sobre a Justiça, e nćo tocam na Revelaçćo.
E o homem termina se afastando da Busca Espiritual, porque esta foi
incapaz de mantÄ™-lo em sua trilha.
Nćo cometemos estes erros. Que fique sempre claro para nós que só
o Amor Total pode competir com o amor deste mundo.
Amar abundantemente é viver abundantemente.
Amar para sempre é viver para sempre. A vida Eterna está
completamente acorrentada ao Amor.
fls.4
Por que queremos viver para sempre? Porque desejamos que o dia
de amanhć nos traga alguém que amamos. Porque queremos conviver
mais um dia com a pessoa que está ao nosso lado. Porque queremos
encontrar alguém que mereça nosso amor, e que saiba, por sua vez, nos
amar como achamos que merecemos.
Por isso, quando um homem nćo tem ninguém que o ame, sente
uma profunda vontade de morrer. Enquanto ele tiver amigos, gente que
ele ama e que o ama, ele viverá.
Porque viver é amar.
Até mesmo o amor por um animal de estimaçćo - um cachorro, por
exemplo - pode justificar a vida de um ser humano. Mas se ele nćo tiver
mais este laço de amor com a vida, desaparece também qualquer razćo
para continuar vivendo.
A  energia da vida falhou.
Participar da Vida Eterna significa conhecer o Amor. Deus é Amor.
Joćo diz:  Estamos no verdadeiro, em seu Filho. Este é o verdadeiro Deus e
a Vida Eterna.
Seja qual for sua crença, ou sua Fé, busque primeiro o Amor. E o
resto lhes será acrescentado.
Pois o Amor precisa ser eterno. Porque Deus o é.
fls.4
Amor é Vida.
O Amor nunca falha, e a vida nćo falhará enquanto houver Amor.
É isto que Paulo nos mostra: que, no fundo de todas as coisas
criadas, o Amor está presente como o Dom Supremo - porque o Amor
permanece, enquanto as coisas acabam.
O Amor está aqui, existe em nós agora, neste momento. Nćo é algo
que nos venha a ser dado depois de morrermos. Ao contrário, teremos
pouquíssimas chances de aprender o Amor quando estivermos velhos se
nćo o buscarmos e o praticarmos agora.
O pior destino que um homem pode ter é viver e morrer sozinho, sem
amar e sem ser amado.
fls.4
Quem ama está salvo.
Quem nćo ama, nem é amado, está condenado.
E aquele que se alegra no Amor, se alegra em Deus, porque Deus é
amor.
fls.4
Estou quase acabando este longuíssimo sermćo. Mas, antes, quero fazer
uma proposta: quanto de vocęs querem juntar-se a mim, para ler este
trecho da carta aos coríntios, pelo menos uma vez por semana?
Quem quiser, que o faça durante os próximos trÄ™s meses. Um homem
assim o fez, e mudou completamente sua vida.
Ou entćo vocÄ™s podem começar por ler esta epístola uma vez por
dia, principalmente os versos que descrevem a maneira de agir que
combina com o Amor:
 O amor é paciente, é benigno, o amor nćo arde em ciÅ›mes.
Coloquem estes ingredientes na vida de vocÄ™s. A partir daí, tudo o
que fizerem passará a ser Eterno. Vale a pena dedicar um pouco de
tempo para aprender a arte de Amar.
fls.4
Nenhum homem se torna santo enquanto dorme; é necessário rezar,
meditar.
Da mesma maneira, qualquer melhora, em qualquer sentido, requer
preparaçćo e cuidados.
Exijam de si mesmos: viver uma vida plena e correta. Se vocęs
olharem para trás, perceberćo que os melhores e mais importantes
momentos da vida foram aqueles onde estava presente o espírito do
Amor.
Quando olhamos nosso passado  e nćo nos detemos nos prazeres
transitórios da vida -, notamos que os momentos marcantes de nossa
existÄ™ncia sćo aqueles em que vivíamos o amor; ou que, escondidos,
fizemos algo de bom para alguém. Coisas Ä…s vezes tolas demais para
serem contadas, mas que, por frações de segundo, nos fizeram sentir
como se estivéssemos mergulhados na Eternidade.
Eu já vi quase todas as belas coisas que Deus criou. Já gozei quase
todos os prazeres que um homem pode gozar. Mesmo assim, ao olhar meu
passado, sobram apenas quatro ou cinco momentos - geralmente muito
curtos - em que pude fazer uma pobre imitaçćo do Amor de Deus.
Sćo estes momentos que justificam minha vida. Todo o resto é
passageiro. Qualquer outro bem ou virtude é apenas uma ilusćo. Estes
pequenos atos de Amor que ninguém reparou, que ninguém conhece,
justificam minha vida.
Porque o amor permanece.
fls.4
Mateus nos dá uma descriçćo clássica do Juízo Final: o Filho do Homem
senta-se em um trono, e separa, como um pastor, os cabritos das ovelhas.
Neste momento, a grande pergunta do ser humano nćo será:
 Como eu vivi?
Será, isto sim:  Como amei?
O teste final de toda busca da Salvaçćo, será o Amor. Nćo será
levado em conta o que fizemos,
em que acreditamos,
o que conseguimos.
Nada disso nos será cobrado. O que nos será cobrado: nossa
maneira de amar o próximo.
Os erros que cometemos nem sequer será lembrados. Seremos
julgados pelo bem que deixamos de fazer. Pois manter o Amor trancado
dentro de si é ir contra o espírito de Deus, é a prova de que nunca O
conhecemos, de que Ele nos amou em vćo, de que Seu Filho morreu
inutilmente.
fls.4
Deixar de Amar significa dizer que Deus jamais inspirou nossos
pensamentos, nossas vidas, e que nunca chegamos perto Dele o suficiente
para sermos tocados por seu exuberante Amor. Significa que
 eu vivi por mim mesmo, pensei por mim
[mesmo,
por mim mesmo, e ninguém mais -
como se Jesus jamais tivesse vivido,
como se Ele jamais tivesse morrido.
É diante de Deus que as nações do mundo serćo reunidas. É na
presença de todos os outros homens que seremos julgados.
E cada homem julgará a si mesmo.
Ali estarćo presentes aqueles que encontramos e ajudamos. Ali
também vćo estar aqueles que desprezamos e negamos. Nćo há
necessidade de chamar qualquer Testemunha, pois nossa própria vida se
encarregará de mostrar, na frente de todos, o que fizemos.
Nenhuma outra acusaçćo - além da falta de Amor - será
proferida.
Nćo se enganem; as palavras que neste Dia ouviremos nćo virćo da
teologia, nćo virćo dos santos, nćo virćo das igrejas.
Virćo dos famintos e dos pobres.
fls.4
Nćo virćo dos credos e das doutrinas.
Virćo dos desnudos e desabrigados.
Nćo virćo das Bíblias e dos livros de orações.
Virćo dos copos de água que damos ou deixamos de dar.
fls.4
Quem é Cristo?
É aquele que alimentou os pobres, vestiu ou nus, e visitou os doentes.
Onde está Cristo?
 Todo aquele que receber uma criancinha destas em seu nome,
também me recebe.
E quem está com Cristo?
Aquele que ama.
fls.4
Quando o rapaz acabou de falar,
o sol já havia se posto. As pessoas
se levantaram, em silęncio, e
foram para as suas casas. Nunca
mais, pelo resto de suas vidas,]
esqueceriam aquele dia. Haviam
sido tocadas pelo Dom Supremo,
e desejaram, naquele instante,
que aquela tarde fosse lembrada
por muito tempo.
 Embora nćo possa ser lembrada
para sempre , pensou um deles,
consigo mesmo.
Porque, como bem havia dito o
rapaz,
só o Amor permanece.


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